As pessoas pensam que IA vai roubar seus empregos – não vai – mas alguém que usa IA melhor que você, vai

O Web Summit chegou ao Brasil na sua primeira edição já mostrando a sua grandiosidade: 20 mil pessoas circulando pelo Riocentro, mais de 100 horas de conteúdo por dia, 900 startups fazendo seu pitches. Já se consagrou como o maior evento de tecnologia da América Latina e um dos maiores do mundo.

Sempre bom lembrar que com toda essa grandiosidade, apenas uma empresa jornalística com muitas pessoas consegue cobrir todas as conferências, circular pela feira, ouvir os pitches das startups e conectar com outras pessoas. Para quem tem o famoso FOMO, expressão em inglês para “Fear of missing out” e que em português significa “medo de perder algo” é um prato cheio para gerar ansiedade.

Embora não seja possível estar em todos os lugares ao mesmo tempo, é possível ter uma perspectiva dos principais temas abordados durante os quatro dias de eventos, e abaixo, destaco três deles:

Inteligência artificial

Sendo o Web Summit um evento de tecnologia, inteligência artificial foi tema de diversos painéis e palestras nos seus mais variados desdobramentos. Desde empresas que têm IA como base do modelo de negócio, passando por futuro do trabalho até aplicações do Chatgpt. Também não faltaram debates sobre questões éticas e legais, vieses de programação e privacidade.

Das palestras e painéis que assisti destaco Cassie Kozyrkov, Chief Decision Scientist at Google que de forma didática explicou essa nova onda de IA que estamos vivendo, a terceira onda, onde a tecnologia chegou ao nível do usuário final.  E as empresas NotCo e Faire que utilizam aplicações de inteligência artificial como base dos seus modelos de negócio.

Nos painéis e palestras que estive uma das mensagens é: IA será sua parceira de trabalho, seu copiloto, ajudará a aumentar a produtividade das pessoas e os problemas que têm para resolver.

As palavras chaves quando se fala da adoção de IA no dia a dia das empresas e das pessoas são: mais rápido, melhor, mais forte, maior produtividade.  Alex Collmer traz uma frase icônica “as pessoas pensam que a IA vai roubar seus empregos – não vai – mas alguém que usa IA melhor do que você, vai.”

ASG

A abertura o Web Summit Rio pautou o que seria um dos temas mais importantes do evento. Ayo Tometi, cofundadora do movimento Black Lives Matter e Txaí Suruí, ativista indígena, estiveram no palco principal para dar visibilidade a importância da inclusão de todas as pessoas e dos aspectos climáticos nas pautas de governos, empresas e sociedade.

Uma frase de Luciano Huck, que também esteve na abertura do evento, chamou atenção: “é difícil entender quando não estamos prestando atenção”. Por que essa frase é impactante? Porque nossa sociedade nunca produziu tanto conteúdo em toda história. O que não nos falta é conteúdo. O que nos falta como sociedade é o desejo de escutar os outros e o tempo de processamento para as informações.

Entre os painéis que assisti sobre esse tema destaco o projeto Afrogames, centro de capacitação em tecnologia, programação em jogos, inglês e times de e-sports. O Afrogames é um projeto da ONG Afroreggae presente em comunidades do Rio de Janeiro para atuar de forma mais próxima a nova geração de jovens que estão muito conectados aos jogos. É o terceiro setor também se renovando e trazendo soluções mais conectadas as novas gerações.

A feira contou com diversas startups relacionadas ao tema ASG, mas a Moss.Earth chama atenção por ser uma climatech que tem como slogan “usamos a tecnologia para manter a Amazônia de pé”.

E para mostrar a relevância desse tema, Jade Autism foi a startup vencedora da competição de pitches, uma empresa que promove educação inclusiva por meio da tecnologia com softwares para apoiar crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista e outras neurodiversidades.

A mensagem que fica é que mais do nunca existe a necessidade da tecnologia ser utilizadas a favor da inclusão, da democratização e da preservação do nosso planeta. Há um chamado das pessoas para que a tecnologia seja utilizada para resolver problemas reais que impactem positivamente a sociedade.

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Saia da sua bolha e fuja do óbvio

Não espere num evento com diversos painéis e temas que os assuntos sejam abordados profundamente. Ouvi alguns ruídos nos corredores nesse sentido, mas se você sempre buscar os mesmos temas e ouvir as mesmas pessoas, qual a chance de você já ter ouvido esse conteúdo? Essa busca por maior profundidade poderá ser feita em conferências específicas ou em plataformas de conteúdo.

É importante lembrar que eventos como o Web Summit Rio são uma grande oportunidade de aprendizado e conexões, mas cabe a cada indivíduo buscar sair da sua bolha e do óbvio para aproveitar ao máximo a experiência. Conversar com pessoas diferentes, assistir a palestras fora da sua área de conforto e explorar os corredores podem gerar novas ideias e insights que podem ser aplicados na vida pessoal e profissional.

O Web Summit Rio possibilitou algo muito importante para a inovação que são as conexões, seja através do aplicativo oficial, seja através das conversas dos corredores, ou na quantidade de conferências e temas diferentes sendo tratadas ao mesmo tempo. Aliás, as conversas de corredor são valiosas pois também geram muito aprendizado e até mesmo novos negócios.

E para sair da bolha e do óbvio nada melhor do que conversar com pessoas diferentes e assistir alguns conteúdos fora da minha bolha. E eis alguns que destaco:

– Kondzilla, contou sua trajetória de carreira, de como o estudo mudou a vida dele, do quanto é importante conhecer quem são as pessoas que consomem o seu conteúdo e por qual plataforma consomem. E pensando em novos públicos e estar presente em diversas mídias, Kondzila comentou seu interesse em conhecer melhor o público 50+ e sua entrada no programa de televisão “Papo de Segunda” no canal GNT.

– os gamers Nicole Merhy e Bruno Playhard foram ao placo principal falar sobre o futuro do e-sports. São jovens, mas com feitos grandiosos para esse mercado. E sobre que será o futuro do e-sports: inteligência artificial e preservação do planeta.

– e por fim Dr. Dorry Segev, cirurgião especialista em transplante de órgãos e cientista da computação, mostrou como inteligência artificial tem ajudado a encontrar pacientes e doadores com maior compatibilidade e como a tecnologia CRISPR tem ajudado a melhorar os índices de sucesso nos transplantes de órgãos de animais em pessoas.

O que essa miscelânea de assunto traz de aprendizado? Novas formas de enxergar as pessoas e como se relacionam, a atuação da geração Z na prática e novas tecnologias emergentes.

E agora o que fica do Web Summit Rio 2023?

Colocar em prática todos esses aprendizados e conexões.

Abraço,

Cristiana Ferronatto

Head de Design for Business Transformation